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Feliz Páscoa

Pascoa2016

Excerto de uma entrevista de Chiara Lubich à agência de notícias Zenit, a 8 de abril de 2004.

Zenit: Aproxima-se a Páscoa. O mundo respira um clima de medo pela iminência do terrorismo, no entanto, que reposta nos dá perante o mistério da Sexta-feira Santa e da Páscoa da ressurreição?

Chiara Lubich: Todos os dias é Sexta-feira Santa. Vendo o noticiário, perante essa onda de mortes e de atentados, naquelas imagens de violência desumanas, no grito de quem sofre, ressoa o grito de abandono que Jesus dirigiu ao Pai na cruz: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?”. Esta foi a sua provação maior, o momento mais tenebroso. Porém, o seu grito não ficou sem resposta. Jesus não permaneceu no abismo desse sofrimento infinito, mas, numa atitude de adesão plena e inimaginável, voltou a abandonar-se ao Pai, superando aquela imensa dor e reconduziu os homens para o seio do Pai e para o abraço recíproco.

Sabemos quais são as causas mais profundas do terrorismo: o ressentimento, o ódio reprimido e a sede de vingança alimentada por povos oprimidos durante muito tempo, porque os bens não são partilhados e os direitos reconhecidos.

O que falta é a comunhão, a partilha, a solidariedade. Mas sabemos que os bens não se movem sozinhos, se os corações não se moverem. Portanto, é urgente suscitar no mundo, em toda a parte, espaços de fraternidade, aquela fraternidade reconquistada na cruz.

Aquela cruz de Jesus dá-nos a lição altíssima, divina e heróica, sobre o que é o Amor: um amor que não faz distinção, mas ama todos; não espera o retorno, mas toma sempre a iniciativa; que sabe fazer-se um com o outro, sabe viver o outro; que tem uma medida sem medida: sabe dar a vida.

Esse amor tem uma força divina que pode desencadear a mais poderosa revolução cristã e deve invadir não só o âmbito espiritual, mas também o humano, renovando a cultura, a política, a economia, a ciência, a comunicação…

Será esta a luta mais radical contra o terrorismo: mostrarmos a potência da ressurreição que venceu o ódio e a morte, mostrarmos o verdadeiro rosto do cristianismo, um rosto bem diferente do mundo ocidental.