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No coração da JMJ

A XXXVIII Jornada Mundial da Juventude chegou a meio e os quatro primeiros dias, muito intensos, já fazem parte da vida de mais de meio milhão de jovens que, no dia 3 de agosto de 2023, acolheram o Papa Francisco no coração de Lisboa, no Parque Eduardo VII, rebatizado por “Colina do Encontro”, para indicar a dimensão fundante desta JMJ: o relacionamento com Deus, consigo mesmos e com os outros, para construir um mundo de paz, sustentável e fraterno.

No grito “Deus ama todos”, numa Igreja na qual há espaço para todos, Francisco abriu oficialmente a JMJ portuguesa da qual podemos ver notícias diárias nos vários meios de comunicação.

Porém, o que corre o risco de ficar em segundo plano é o grande trabalho de atualização que a Igreja, no sentido mais universal do termo – feita pelos jovens e com os seus educadores, sacerdotes e bispos, e diversas realidades eclesiais – fez, para que esta Jornada Mundial fosse um lugar onde os jovens “se reencontrassem” nas suas perguntas, na procura consciente ou não de Deus, para tê-lo como companheiro de vida, na realização de espaços de partilha, inspiração e escuta recíproca.

Encontros “Rise Up”: espaços para pensar, compartilhar, inspirar-se

Sem dúvida, uma das maiores novidades desta edição são os encontros “Rise UP”, o novo modelo de catequese da JMJ, que convida os jovens a refletir sobre grandes temas abordados durante o pontificado do Papa Francisco: a ecologia integral, a amizade social e a fraternidade universal, a misericórdia.

Foram 270 encontros realizados em 30 línguas, que se ligam todos ao tema geral da JMJ: “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lucas 1:39).

O Movimento dos Focolares também se envolveu nos encontros Rise Up – 3 encontros de meio dia cada um – para os peregrinos de língua inglesa, reunindo uma média de 5000 jovens por dia. “Eu senti-me protagonista desde o início”, conta Eunice, uma gen da equipe organizadora, “e o tema desta JMJ inspira-me muito: eu também me sinto impulsionada a levantar-me e a partir apressadamente, como Maria; sinto uma motivação forte a dar mais, a superar limites, cansaço e dificuldades, como ela fez quando foi visitar Isabel. Não parou, mas amou”.

Nestes encontros “Rise Up”, intervieram Margaret Karram e Jesús Morán, presidente e co-presidente do Movimento dos Focolares, juntamente com o cardeal Patrick O’Malley, de Boston (EUA), o arcebispo Anthony Fisher, de Sydney (Austrália), e o bispo Robert Barron, de Winona-Rochester em Minnesota (EUA).

Os jovens da JMJ de Lisboa

Fazer a experiência do amor de Deus e levá-lo a qualquer lugar em que se esteja ou se sinta chamado foi o fio condutor destes encontros cheios de dinâmicas, música, oração e muita partilha. “Senti que, depois de um ano e meio de ‘isolamento’ depois do Covid, algo havia mudado em mim”, conta Pete, dos Estados Unidos, na sua primeira JMJ. “Decidi vir com os jovens da minha diocese para entrar no jogo. Queria sair da minha zona de conforto, conhecer jovens de outros países, ver como eles enfrentam os problemas. Ainda tenho muitas perguntas, mas encontrei aqui algumas respostas.”

Para os jovens da Eslováquia também não foi fácil decidir partir e abrir-se a pessoas de outras culturas e a modos diferentes de fazer as coisas. Há uma grande expectativa sobre o que o Papa vai dizer nos próximos dias. “Temos certeza de que as palavras dele ficarão nos nossos corações para sempre e nos ajudarão em diversas situações da vida.”

Este encontrar-se, reconhecer-se como irmãos e irmãs talvez seja o traço mais característico deste evento; portanto, os testemunhos são os pontos centrais dos encontros Rise Up.

A vida verdadeira no centro

Como a de Lucas, que vive na Amazónia brasileira. Na JMJ do Panamá ficou fascinado com a figura de Jesus e, ao voltar para casa, propôs-se a colaborar num projeto de ajuda às comunidades indígenas da sua terra. Durante 15 dias, com uma equipe de médicos, enfermeiros e psicólogos, juntamente com uns vinte jovens, levaram ajuda, tratamento e suporte a muitas pessoas que estavam longe de centros médicos. “Foi uma experiência incrível a de me doar desde manhã até à noite, sem pausas”, conta Lucas. “O Projeto Amazónia fez-me crescer muito como pessoa. O primeiro fruto de tudo isto, sou eu: mudei, já não sou o mesmo.”

Sofia, argentina, fala sobre o seu percurso existencial que procura fortemente um sentido. A certa altura conheceu a figura da beata Chiara Luce Badano, cujo “sim a Deus”, também na dor, lhe deu forças para doar a própria vida na estrada de consagração do Movimento dos Focolares. E poderíamos continuar porque os testemunhos contados foram muitos, assim como as perguntas que os jovens fizeram aos bispos e aos líderes que falaram.

“Vim com o meu grupo de amigos a esta JMJ”, conta Pat, 19 anos, de Sidney, “e isso para mim é importante porque acho que para conseguir fazer a diferença no mundo e também para tomar decisões pessoais, precisamos dos outros. A solidão é um problema de muitos jovens da minha idade e quero fazer algo quanto a isso, começando com o querer o bem dos meus amigos e aqui entendi que esse é o caminho certo”.

São tantas as perguntas e também os medos destes jovens, mas não é só isso: estes jovens querem abrir-se, conhecer, vêm de histórias e existências diversas, geralmente opostas e, mesmo assim, estão aqui para encontrar o Papa Francisco e para encontrar Deus na própria vida e encontrar amigos com quem compartilhar. A JMJ de Lisboa entrou no cerne da sua viagem.

Stefania Tanesini. Fonte focolare.org

Pode ler as intervenções de Margaret Karram e de Jesús Moran, na íntegra, aqui:

Margaret Karram, discurso do dia 2 de agosto de2023, Encontro Rise up, JMJ Lisboa (Portugal)

Jesús Morán, discurso do dia 2 de agosto de2023, Encontro Rise up, JMJ Lisboa (Portugal)

Margaret Karram, discurso do dia 3 de agosto de2023, Encontro Rise up, JMJ Lisboa (Portugal)

Jesús Morán, discurso do dia 3 de agosto de2023, Encontro Rise up, JMJ Lisboa (Portugal)