Linhas para conduzir uma empresa EdC
Formuladas por empresários de todos os continentes
A Economia de Comunhão (EdC) procura defender a concepção do agir económico, enquanto compromisso de carácter ideal e operativo, não apenas de carácter utilitário, mas propenso à promoção integral e solidária do homem e da sociedade. Por este motivo, embora tendo em vista, no quadro da economia de mercado, a justa satisfação de exigências materiais próprias e alheias, o agir económico insere-se num quadro antropológico completo, endereçando as próprias capacidades para o constante respeito e valorização da dignidade da pessoa, não só dos operadores internos das empresas, redes de produção e distribuição de bens, mas também dos seus destinatários.
A EdC trabalha para fazer com que a economia e a sociedade, passem da cultura do ter à cultura do dar.
Empresários, trabalhadores e empresa
Os empresários que aderem à Economia de Comunhão elaboram estratégias, objectivos e planos empresariais, tendo em conta os critérios típicos de uma gestão correcta, e envolvendo nesta actividade os membros da empresa. Tomam decisões de investimento com prudência, mas com particular atenção à criação de novas actividades e postos de trabalho produtivos.
A pessoa humana, e não o capital, está no centro da empresa. Os responsáveis da empresa procuram utilizar, o melhor possível, os talentos de cada trabalhador, favorecendo a sua criatividade, a assunção de responsabilidades e a participação na definição e realização dos objectivos empresariais: adoptam medidas especiais de ajuda aos mais desfavorecidos.
A empresa é gerida de modo a promover o aumento dos lucros, destinados de igual modo: ao crescimento da empresa; a pessoas em situação de carência económica, a começar por quem optou pela “cultura do dar”; para a difusão desta cultura.
A relação com os clientes, os fornecedores, a sociedade civil e os sujeitos externos
A empresa põe em acção todos os meios oportunos para oferecer bens e serviços úteis e de qualidade, a preços justos.
Os membros da empresa trabalham com profissionalismo para construir e reforçar relacionamentos bons e sinceros com os clientes, os fornecedores e a comunidade, em relação à qual se sentem orgulhosos de poderem ser úteis.
Relacionam-se de modo leal com os concorrentes, apresentando o valor efectivo dos seus produtos ou serviços e abstendo-se de dar uma imagem negativa dos produtos ou serviços de outros.
Tudo isto permite enriquecer a empresa de um capital imaterial constituído por relacionamentos de estima e de confiança com responsáveis de empresas fornecedoras ou clientes, ou da administração pública, dando origem a um desenvolvimento económico menos sujeito à variabilidade da situação do mercado.
Ética
O trabalho da empresa é um meio de crescimento interior para todos os seus membros.
A empresa respeita as leis e mantém um comportamento eticamente correcto nas relações com as autoridades fiscais, com os órgãos de fiscalização, os sindicatos e os órgãos institucionais.
Age do mesmo modo com aos próprios dependentes, de quem se espera o mesmo comportamento.
Na definição da qualidade dos próprios produtos e serviços, a empresa sente-se impulsionada, não apenas a respeitar as próprias obrigações contratuais, mas também a avaliar os reflexos objectivos da qualidade dos mesmos no bem-estar das pessoas a que se destinam.
Qualidade da vida e da produção Umdos primeiros objectivos dos empresários de EdC, é o de transformar a empresa numa verdadeira comunidade. Encontram-se regularmente com os responsáveis pela gestão, para verificarem a qualidade dos relacionamentos interpessoais, esforçando-se por resolver as situações difíceis, conscientes de que o esforço de resolução destas dificuldades pode gerar efeitos positivos nos membros da empresa, estimulando a inovação e o crescimento de maturidade e produtividade.
A saúde e o bem-estar de cada membro da empresa são objecto de atenção, com um especial cuidado por quem tem necessidades especiais. As condições de trabalho são adequadas ao tipo de actividade: garante-se o respeito pelas normas de segurança, a ventilação necessária, níveis toleráveis de ruído, iluminação adequada, etc. Procura-se evitar um horário de trabalho excessivo, de modo a que ninguém esteja sobrecarregado, prevendo-se férias adequadas.
O ambiente de trabalho é descontraído e amigável, onde reina, reciprocamente, o respeito, a confiança e a estima.
A empresa produz bens e serviços seguros, prestando atenção aos efeitos sobre o ambiente e à poupança de energia e de recursos naturais, ao longo de todo o ciclo de vida do produto.
Harmonia no ambiente de trabalho
A empresa adopta sistemas de gestão e estruturas organizacionais que promovam tanto o trabalho de grupo, como o crescimento individual.
Os membros fazem com que os locais da empresa estejam o mais limpos possível, ordenados e agradáveis, de modo que, na harmonia deste ambiente, entidades patronais, trabalhadores, fornecedores e clientes se sintam comodamente e possam assumir e difundir este estilo.
Formação e instrução
A empresa favorece, entre os seus membros, a instauração de um clima de apoio recíproco, de respeito e de confiança, em que seja natural colocar livremente à disposição os próprios talentos, ideias e competências, em favor do crescimento profissional dos colegas e do progresso da empresa.
O empresário adoptará critérios de selecção do pessoal, e de programação do desenvolvimento profissional para os trabalhadores, de modo a facilitar a instauração desse clima.
Para permitir que cada um possa alcançar objectivos, tanto de interesse para a empresa, como se interesse pessoal, a empresa oferecerá oportunidades de ajornamento e de formação contínua.
Comunicação
A empresa que adere à EdC cria um clima de comunicação aberta e sincera que favorece a troca de ideias entre dirigentes e trabalhadores.
Está também aberta a todos os que, apreciando a sua valência social, se oferecem para contribuir para o seu desenvolvimento e aos que, interessados pela cultura do dar, desejam aprofundar os vários aspectos da sua experiência concreta.
As empresas que aderem à EdC, também com a intenção de desenvolver relações económicas reciprocamente úteis e produtivas, utilizam os meios de comunicação modernos para se manterem ligadas entre si, tanto a nível local, como internacional, congratulando-se com os sucessos e acolhendo como próprias as dificuldades, provas ou insucessos das outras, num espírito de apoio recíproco e de solidariedade.